Como evitar a formação de gás na pulverização de verniz

Ao contrário da aplicação com pincel ou espátula, a pulverização permite que uma quantidade maior e mais uniforme de material seja depositada na superfície da madeira. Apesar destas vantagens, existe uma desvantagem que impede muitas pessoas de utilizarem este método de aplicação. Trata-se da formação daquela nuvem de partículas finas de verniz - o overspray - que, para além da perda de material, está na origem de outros problemas. Um deles é a gaseificação da película.

Algumas destas partículas de verniz secam no ar e caem sob a forma de pó sobre a película de verniz ainda líquida, ficando retidas na mesma. No final, o verniz terá um aspeto esbranquiçado desagradável e uma cor áspera e enrugada. Se a película formada for de primário e não de verniz, o defeito é eliminado por lixar entre demãos. No caso da camada final de verniz, isso já não pode ser feito e o efeito é tanto mais dramático quanto maior for o brilho do verniz (quanto mais brilhante for o verniz).

A velocidade a que as partículas de verniz se transformam em pó depende de vários factores. Em primeiro lugar diluente utilizado. Se for um diluente rapidamente volátil, o pó de verniz formar-se-á mais rapidamente. É por isso que a escolha do diluente depende também da temperatura ambiente, e a utilização de solventes muito rápidos (como a acetona) não é recomendada aquando da pulverização de vernizes.

Outro fator que influencia é a pressão de ar do compressor. Quando a aplicação é efectuada com uma pistola manual, a pressão do ar também é ajustada manualmente. Muitas vezes, por um desejo de melhor produtividade (na verdade uma ilusão), há uma tendência para aumentar a pressão. Isto resulta principalmente num aumento do excesso de pulverização. É bom que a pressão seja de cerca de 3 atm, no máximo 4.

Se houver um grande volume de ar com o qual o verniz é misturado, combinado com um diluente mais rapidamente volátil, ocorre outro fenómeno, muito semelhante em aparência, para além do pó de verniz. A secagem da superfície ocorre antes da saída de todo o ar contido na película. À medida que tende a sair, empurra o aglomerado de verniz formado e o aspeto é muito semelhante ao do pó que cai sobre a película de verniz. Neste caso, se a superfície for ligeiramente lixada, a camada superficial é removida e os pequenos orifícios deixados no verniz pelo ar aparecem. Para evitar esta situação, a pressão do ar não deve ser demasiado elevada e, no caso das bombas, deve ser respeitada a relação de mistura recomendada pelo fabricante.

Quando se pulveriza em frente a uma cabina de pintura em bom funcionamento e a aplicação é feita a partir da área mais próxima do pulverizador e mais afastada da cabina, movendo-se para o lado da cabina, o excesso de pulverização será recolhido pela aspiração da cabina de pintura. No caso de cabinas com um filtro seco, para uma boa aspiração, os filtros devem ser agitados com muita frequência e substituídos quando estiverem obstruídos.

A aplicação de verniz em zonas fechadas dos móveis (interior de armários, gavetas) pode provocar a formação de gases. O excesso de verniz resultante não consegue sair e fica preso na película. O resultado é uma película esbranquiçada que risca quando se passa a mão sobre ela. Esta situação é evitada se as peças forem envernizadas sem que a parte de trás do móvel esteja montada.

A temperatura elevada, a falta de exaustão, também influenciam a ocorrência de gaseificação. Não se pense que são apenas as películas à base de solvente que libertam gases. As películas hidrodiluíveis também são gaseificadas. Uma temperatura elevada na sala de trabalho e uma pressão de ar elevada também fazem com que as partículas finas de verniz à base de água sequem no ar e gaseifiquem a película. Por conseguinte, é aconselhável dar a devida importância à eliminação do excesso de pulverização e manter uma temperatura constante de 18-20 grd.C na sala de trabalho.