Legislação - EUA

Guerra comercial da madeira: Trump impõe tarifas de 25% ao Canadá e ao México

A indústria da madeira está a enfrentar um novo abalo depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter assinado uma ordem executiva em Mar-a-Lago, no sábado, 01 de fevereiro de 2025, impondo tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México e tarifas adicionais de 10% sobre os produtos provenientes da China. A decisão, que faz parte de um pacote mais vasto de medidas comerciais, afecta gravemente as cadeias de abastecimento mundiais e ameaça desestabilizar vários sectores económicos, desde a indústria da madeira à indústria automóvel.

Impacto imediato nos mercados

Os efeitos da decisão fizeram-se sentir na abertura dos mercados asiáticos na manhã de segunda-feira. Os índices bolsistas mundiais registaram quedas significativas: -1,7% para o S&P 500, -2,3% para o Nasdaq e -2,6% para o Euro Stoxx 50. O sector automóvel europeu foi fortemente atingido, com a Stellantis a cair 6,41 PT3T e a Volkswagen 5,71 PT3T, principalmente devido às suas importantes operações no México, onde fabricam e exportam para os EUA. O dólar americano valorizou-se cerca de 1% em relação às principais moedas, enquanto o euro atingiu o seu nível mais baixo desde novembro de 2022, depreciando-se até 2,3% em relação ao dólar.

Consequências para o sector da construção

De acordo com especialistas citados por Central de madeiraOs novos direitos aduaneiros poderão acrescentar entre 35 000 e 45 000 dólares ao custo de uma casa nova nos EUA, dado que cerca de 70% de madeira serrada de coníferas importada é utilizada na construção de habitações.

"As tarifas estão inegavelmente a trabalhar no sentido de aumentar os preços da madeira", explica Rajan Parajuli, professor associado de economia florestal na Universidade Estatal de Nova Iorque, ao mesmo woodcentral.com. A experiência passada com o acordo entre os EUA e o Canadá sobre madeira macia de 2006-2015 mostra que, enquanto os produtores locais ganharam cerca de 1,6 mil milhões de dólares, os consumidores norte-americanos pagaram a mais cerca de 2,3 mil milhões de dólares.

Oportunidades e riscos para os exportadores europeus

Neste contexto de tensão, os produtores europeus de madeira poderão obter uma vantagem competitiva temporária no mercado dos EUA. A Alemanha e a Suécia, embora em conjunto exportem apenas 3,49 milhões de metros cúbicos de madeira serrada de coníferas para os EUA em 2023 (em comparação com 28,1 milhões de metros cúbicos do Canadá), poderão encontrar oportunidades para aumentar a quota de mercado. No entanto, esta janela de oportunidade permanece incerta, dadas as ameaças do Presidente Trump de alargar as tarifas também aos produtos europeus.

Reacções e contramedidas

O Canadá e o México já anunciaram medidas de resposta para proteger as suas economias nacionais. O Primeiro-Ministro canadiano, Justin Trudeau, declarou que o seu país irá impor direitos aduaneiros no valor de 251TPTP3T sobre 155 mil milhões de dólares de produtos norte-americanos, a aplicar em duas fases. Do mesmo modo, a Presidente mexicana Claudia Sheinbaum anunciou "medidas pautais e não pautais" em defesa dos interesses do seu país.

Perspectivas para o futuro

Os peritos do sector alertam para o facto de não ser fácil substituir as importações canadianas. Robert Dietz, economista-chefe da Associação Nacional de Construtores de Casas (NAHB), salienta que "os tipos de madeira são diferentes de zona para zona e nem todos são adequados para a construção de casas" e que a expansão da produção interna dos EUA "requer tempo, políticas aperfeiçoadas e a resolução do problema da escassez de mão de obra na indústria".

Apesar destes avisos, o Presidente Trump expressou a sua firme convicção no Truth Social, a rede social de que é proprietário, de que os EUA possuem "mais madeira do que alguma vez poderão utilizar". No mesmo post polémico, afirma que os EUA "subsidiam o Canadá" sem qualquer razão e "não precisam de nada do que eles têm", sugerindo que as medidas irão forçar um reequilíbrio das relações comerciais norte-americanas.

Conclusão

Estamos a viver tempos de incerteza e de rápidas mudanças no panorama do comércio mundial. Embora as motivações declaradas do Presidente Trump para lançar esta guerra comercial se centrem na segurança nacional e na redução da dependência das importações, continua a não ser claro de que forma estas medidas contribuirão para o objetivo declarado de "tornar a América grande de novo". As próximas semanas serão cruciais para compreender melhor a estratégia a longo prazo e as implicações reais destas decisões que estão a abalar os alicerces do comércio norte-americano.

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Dan

Tive a oportunidade de trabalhar em diferentes departamentos. Assim, ganhei experiência em finanças, contabilidade, logística, vendas, operações e marketing. Sou um jogador de equipa e um jogador versátil. Sou um empreendedor, coordenei a venda de uma empresa de vernizes e tintas para madeira a uma multinacional. Em 2016 descobri o mundo digital, a edição e o marketing online. Desde então, tenho vindo a colocar online a minha experiência e competências acumuladas.

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