As arcadas, um dos símbolos de Bolonha

Bolonha é mundialmente famosa pelas suas arcadas, um dos símbolos da cidade. São mais de 30 quilómetros de pórticos e diz-se que, se chover, é possível visitar a cidade velha sem se molhar, mesmo que se tenha esquecido do guarda-chuva no hotel. Mas qual é a relação entre a madeira e estas arcadas? É uma ligação muito antiga, porque os primeiros pórticos construídos em Bolonha eram feitos de madeira. A história do seu aparecimento está ligada ao facto de Bolonha ser também conhecida como a cidade universitária mais antiga.

Há alguns anos, tive a oportunidade de visitar Bolonha e o nosso guia era um amigo italiano que estava apaixonado pela cidade onde também vivia. O passeio pela cidade velha foi uma verdadeira lição de história, arte e arquitetura. Com ele ficámos a saber que Bolonha se define por 3 palavras: dotta, grassa e rossa - culta, gorda e vermelha. Docta porque a primeira universidade da Europa foi fundada aqui em 1088, e grasso devido à forma como a comida é consumida aqui, menos "leve" do que noutras partes de Itália, e o local de nascimento da mortadela.

E o vermelho é a cor da cidade. A cidade tem esta cor vermelho-tijolo porque existe uma lei municipal que proíbe a utilização de qualquer outra cor nas casas, quer sejam municipais ou privadas. As casas são renovadas com todos os tons de tijolo e cobertas com terracota (cerâmica). Vista das colinas, Bolonha parece uma cidade sempre coberta pela cor vermelha do pôr do sol.

Outra explicação para a designação de cidade vermelha é que, salvo raras excepções, Bolonha sempre teve presidentes de câmara comunistas.

Mas voltemos à criação da universidade. Com o aparecimento da universidade, vieram para a cidade muitos jovens que precisavam de alojamento, e a necessidade de espaço aumentou. Uma ideia muito boa foi a de prolongar as casas por cima das ruas. Basicamente, em vez de varandas, foram construídos novos quartos, apoiados em vigas de madeira de carvalhopor vezes apoiados em postes colocados diretamente na rua.

A tendência pegou rapidamente e, em breve, toda uma rede destas câmaras cobria as ruas e as pessoas caminhavam livremente sob elas.

Com o tempo, para maior resistência e segurança, os pilares de suporte de madeira foram substituídos por pilares de tijolo. Isto permitiu construções mais elaboradas com abóbadas e arcos, semelhantes a túneis com aberturas para a rua.

Como a Itália respeita, mantém e restaura tudo o que é antigo, os velhos pórticos de madeira permanecem até hoje, testemunhando as primeiras extensões das casas do outro lado da rua.

Há outra teoria sobre o aparecimento dos pórticos, relacionada com o comércio. Diz-se que isto deu aos comerciantes um lugar extra para vender, entrando na rua. Para mim, a primeira teoria é mais plausível, porque há praticamente salas por cima das ruas, e a rua é livre para ser percorrida. De facto, hoje em dia há muitas lojas e cafés famosos nestas arcadas, mas é esse o encanto da cidade.